terça-feira, 7 de junho de 2011

Acompanhamento do desenvolvimento de um ovo

por Ricardo Assunção




Pseudotropheus socolofi


          A reprodução em cativeiro, dessa espécie, é fácil e até mesmo o iniciante poderá desfrutar do acompanhamento. Resolvi escrever esse pequeno trabalho, preocupado com o aquarista ansioso. Já presenciei muitos depoimentos a respeito de como estaria o desenvolvimento dos alevinos na boca da fêmea.
          Eu possuía um aquário de ciclídeos africanos de 200 litros, onde estava super populoso, com 20 exemplares das mais variadas espécies e todos já adultos. O acasalamento era quase que semanal, sendo exatamente este peixe da foto, um Pseudotropheus socolofi, o macho predominante. Realmente ele acasalava com todas as fêmeas e comandava todo o tanque. O acasalamento acontecia e depois de três dias as fêmeas estavam sem os ovos incubados. Não estava entendendo o motivo, até que eu resolvi esperar a hora certa e retirar a fêmea junto com o macho que acasalariam naquele determinado dia. Assim o fiz e os coloquei em um aquário de apenas 20x15x20. Pensei de ser insuficiente o espaço, mas como eu estaria ali para isso, ou seja, para fotografar e acompanhar o acasalamento, qualquer eventual problema eu resolveria. Após colocar o casal nesse pequeno aquário, levaram cerca de 2 horas para voltarem ao ritual do acasalamento, o qual o macho fica tremulando para fêmea até que a mesma ceda, então daí em diante é realmente uma fantástica cena da natureza, bem ali em minha frente. Observe a seqüência de fotos. Gostaria de lembrar que eu consegui fazer tais fotografias em 5 horas, foi cansativo, mas bastante prazeroso.
          Observe que na foto 1, a fêmea está fazendo um rápido movimento em direção à nadadeira anal do macho, na seqüência você pode observar, principalmente na foto 8 que a fêmea (azul mais claro) está colocando o ovo em sua boca. Observe que na foto de número 4, a fêmea está com uma saliência em sua boca, como se estivesse cheia, que de fato já estava, como esse movimento é muito rápido eu não consegui fazer fotos logo no início do acasalamento, por isso que levei 5 horas para conseguir fotografar. Quando a fêmea, expele o ovo, o macho fica tremulando sobre o mesmo, pois está fecundando, após a fecundação a fêmea consegue colocar o ovo na boca e ali ficarão incubados todos os ovos por cerda de 25 dias. Em vários momentos, o casal executa o ritual mas não é expelido ovo algum, entretanto, há momentos em que a fêmea consegue expelir uma média de 3 ovos de uma vez, em especial nesse acasalamento, na maioria das vezes era expelido apenas um ovo por vez.
          Nessa espécie o papel do macho é exclusivamente de fecundar os ovos e nada mais. Cabe a fêmea encubar os alevinos o que de fato é muito importante, pois a fêmea com os ovos na boca, protege os mesmos de serem comidos por outros peixes e ainda, haverá uma grande passagem de água constantemente pelos ovos através da respiração da fêmea e isso impede que os mesmo sejam “fungados”.



Observe o trabalho que realizei do desenvolvimento de um ovo.



          Retirei um ovo apenas da boca da fêmea para justamente fazer o acompanhamento do desenvolvimento, não sugiro que isso seja feito, aliás esse é o meu principal objetivo nesse trabalho, de poder mostrar a você como está o desenvolvimento, sem que o peixe tenha que ser incomodado.
          Com o acompanhamento diário desse desenvolvimento, concluí que:
         Não estava havendo evolução dos ovos nas fêmeas que acasalavam no aquário comunitário, onde haviam 20 exemplares por estresse, a mesma não sentia proteção alguma para os alevinos e comiam os ovos depois de 3 dias do acasalamento. A única função da fêmea em guardar os ovos na boca é apenas na questão de proteção aos mesmos e também que não sejam “fungados” como dito anteriormente. Depois de 25 dias, exatamente no 25º dia, a fêmea soltou todos os filhotes. Em pesquisas realizadas anteriormente, deixei a fêmea em um aquário do mesmo tamanho, ou seja, de 20x15x20 e todos os filhotes foram comidos por ela em menos de 24 horas. Efetuei o mesmo esquema já em um aquário maior de cem litros e todos os filhotes se refugiaram sob as pedras para não serem atacados pela mãe.

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